Monday, May 7, 2012

You...



I close my eyes and I picture a little boy running through the fields, chasing butterflies, frogs and dreams, the sun warming his skin and shining as bright as his smile, though less brighter than his heart...

This little boy is alone, but he's not lonely; by his side, there are small creatures, very little beings that he pretends not to see...

But he's totally aware that they are there, they exist, and they're keeping him company from a long time now.

And protecting him...

While his little feet run on the grass and his eyes are up in the sky, flying away on the wings of the birds that are passing by, to the place he knows he belongs to, the little creatures hold him softly, so that he won't get hurt by the stones and rocks that he doesn't see, because his eyes are lost in the distance... as well as his soul...

There is such a light around this little boy, coming from his inside, brightening the beautiful light color of his eyes, warming the landscape around him as much as the sun...

The little creatures know who he is, although he doesn't know it himself.

There's a warrior inside him, a fighter for a better world, the future king of a new kingdom in which the one and only rule is to love every creature of the world, vegetal or animal, because they all are part of the same.

When a flower or animal dies, we all die a little... But when a new one is born, we are reborn a million times, over and over again.


A cycle, a circle...


Here's the mystery of this little boy, and here's why all these creatures care for him so much; he's surrounded by the light of Love and he will touch the lives of other people. He will make THE difference in the future!

But, for now, he's just a little boy with eyes full of distant worlds, distant stars, distant suns.

A wonderful boy, collecting small treasures that are worth the moon for him. Though he would switch them for his own Moon...

A Moon that is shining in another sky, miles away from this little Sun... and that is willing to join him, someday, to play together at last.

A Moon that waits until they can finally dance in the same sky, to the song of the Universe!





Sunday, April 29, 2012

11/2009

01/2010

A história de Mfundi


A história de Mfundi





Sentado sobre uma pedra lisa, Mfundi contempla a árida paisagem africana que se estende a seus pés, a perder de vista.


O sol, na sua descida preguiçosa, vai pintando o céu com matizes de violeta, azul e laranja, até se transformar numa imensa bola de fogo que, em breve, mergulhará na terra, lá bem longe.



Em seu redor, tudo é silêncio. O mundo pára, por um instante, quando um pássaro cruza os ares e leva consigo o olhar escuro e brilhante da criança, fazendo-o perder-se no infinito.



Lá longe, muito longe, está o pai que nunca conheceu.



A terra é pobre e a água escasseia; por isso, um dia, teve de partir à procura de trabalho, deixando para trás a aldeia, o casebre, os cinco filhos e a mulher, carregando mais uma criança no ventre.


O semblante de Mfundi fica carregado. De todos os irmãos, ele foi o único que nunca conheceu o prazer de se sentar no seu colo, de ouvir a melodia da sua voz, de ver o seu próprio reflexo nos olhos negros do homem que lhe deu o ser.


A mãe, seca e envelhecida, luta diariamente para que a família sobreviva. Anos e anos de trabalho duro foram, a pouco e pouco, acabando com a mulher robusta e alegre que em tempos fora.

Para dizer a verdade, Mfundi apenas conhecera a sombra dessa mulher...


Com um suspiro profundo, o garoto voltou a fixar os olhos no horizonte.

O seu coração de menino guardava um desejo secreto. Sim, secreto porque não sabia se, alguma vez, o poderia concretizar...


O maior sonho de Mfundi era ter um par de sapatos! Assim, poderia enfrentar as pedras aguçadas do caminho, a areia escaldante, os espinhos e partir ao encontro do pai, rumo à Cidade Grande. O menino tinha a noção de que, sem os preciosos sapatos, nunca poderia empreender tamanha jornada.

Mas não tinha como os conseguir...


Na sua aldeia pobre ninguém usava sapatos e, mesmo que os houvesse, a mãe não teria dinheiro para lhe comprar uns.


Nem Mfundi teria a coragem de lhos pedir... Os olhos tristes da mãe e o seu ar permanentemente cansado impediam-no de tentar sequer formular o pedido. Além disso, ela também andava descalça, carregando pesadas latas com água à cabeça debaixo de um sol escaldante. Sem um queixume...



Um dia, apareceram na aldeia umas pessoas que suscitaram a curiosidade geral; tinham pele pálida, quase transparente e cabelos lisos, também claros. Traziam consigo umas máquinas barulhentas - Mfundi já as vira algumas vezes – que assustaram os poucos animais da aldeia e puseram os meninos mais pequenos a chorar.


Com eles, vinha um homem de pele tão escura como a dos habitantes da aldeia e que entendia a língua estranha que os forasteiros falavam.


Mfundi escondeu-se atrás da mãe quando o grupo de forasteiros se aproximou do casebre onde ele e a família viviam. Aquelas criaturas de pele pálida pareciam saídas das histórias que os anciãos contavam ao cair da noite, à fogueira e que, muitas vezes, o deixavam acordado durante horas, com a imaginação a trabalhar a toda a força.


Mas, talvez por ter tentado passar despercebido, o menino chamou a atenção dos forasteiros.


Um deles, uma jovem de cabelos lisos e amarrados na nuca com uma espécie de tripa, disse qualquer coisa ao homem que tinha a pele semelhante à dele. Este aproximou-se do garoto.

- Rapaz, eles querem saber o teu nome! - disse ele.


Mfundi arregalou os olhos negros e tentou esconder-se ainda mais, atrás da mãe. Mas o outro não desistiu:

- Então, rapaz? Não tens língua?


O menino engoliu em seco, arranjou coragem e respondeu:

- Chamo-me Mfundi! - a voz saiu muito fininha e o garoto ficou aborrecido.


O homem traduziu a resposta para os elementos do estranho grupo e a jovem de cabelos presos voltou a falar:

- Mfundi, nós pertencemos a uma organização (foi difícil ao tradutor arranjar um sinónimo para esta palavra) que ajuda crianças aqui, em África. Andamos pelas aldeias a distribuir brinquedos doados por meninos de outros países e gostaríamos que escolhesses uns para ti!

Após ouvir a tradução que o homem com a pele igual à dele fez, Mfundi hesitou um pouco.

- Eu só queria ter um par de sapatos! Uns ténis! - exclamou ele, para espanto de todos.


As pessoas da aldeia entreolharam-se, boquiabertas. Um par de sapatos?! Quanta presunção! Quem pensava aquele miúdo ranhoso que era? Ninguém na aldeia os usava!

Mas os olhares trocados entre o grupo de forasteiros foi de surpresa e admiração.


Mfundi sentiu-se na obrigação de explicar o porquê daquele pedido:

- O meu pai partiu para a Cidade Grande, lá longe, há muito tempo... antes de eu nascer! Sou o único dos meus irmãos que não o conhece... Os sapatos servir-me-iam para ir à procura dele; descalço, não irei longe! Eu estou habituado a andar sobre estas pedras e já conheço os caminhos à volta da aldeia e para as aldeas vizinhas como a palma das minhas mãos. Mas a Cidade Grande é muito, muito longe! Sei disso porque, desde que foi embora, nunca mais tivémos notícias do meu pai! Isso só pode significar que está tão longe que, qualquer notícia que tenha mandado, ainda vai demorar muito a chegar... Mas eu queria tanto conhecê-lo, falar com ele e pedir-lhe que me ensine o que ensinou também aos meus irmãos, que decidi ir ao encontro dele... - parou para recuperar o fôlego e rematou: - Mas para isso, preciso de sapatos...


O homem com a pele igual à dele traduziu o que o menino dissera. Ao levantar a cabeça, Mfundi deparou-se com os olhos rasos de água da jovem de cabelo amarrado. Os outros elementos do grupo de forasteiros pareciam igualmente tocados pelas suas palavras.

- Mfundi... murmurou um senhor de cabelos tão brancos como a lua. - No lugar de onde venho, os meninos da tua idade têm tudo o que querem e nunca estão satisfeitos... Nenhuma das nossas crianças se contentaria apenas com um par de sapatos, se lhes fosse concedida a oportunidade de escolherem brinquedos. Muito menos para levar a cabo uma tarefa tão nobre como a de trazer um pai de volta ao lar e à família! - e, segurando na mãozinha do menino, apertou-a. - Eu próprio me assegurarei que receberás o calçado mais adequado para caminhadas neste solo tão acidentado... Não sei se conseguirás encontrar o teu pai, mas desejo sinceramente que sim! Quanto a mim, regresso a casa muito mais rico pelo simples facto de te ter conhecido!



O sol do meio dia caía a pique sobre a aldeia quando uma das mulheres deu o alarme: um homem desconhecido estava inanimado perto do local onde se encontravam os animais da pequena comunidade. Parecia ter perdido os sentidos por causa da sede e tinha os pés em sangue.


De imediato, o desconhecido foi trazido para a barraca do feiticeiro da aldeia e as mulheres apressaram-se a dar-lhe água e preparar unguentos com ervas para lhe tratar das feridas dos pés.


Mfundi e as outras crianças da aldeia giravam em volta dele, curiosos. O desconhecido, pouco a pouco foi recuperando as forças e, em breve, já dava pequenos passeios pela aldeia. Ansiava por ficar completamente curado para prosseguir o seu caminho.


Um dia, chamou Mfundi e sentou-se à sua frente.
- Tu tens sapatos... - disse ele.

Não era uma pergunta, mas uma afirmação.
- Sim; vão servir-me para ir à procura do meu pai! Ainda estão um bocado grandes, mas não faz mal!– respondeu Mfundi, orgulhoso.

O desconhecido baixou os olhos e engoliu em seco.

- Eu queria pedir-te que mos emprestasses... - perante o olhar assombrado do garoto, o forasteiro acrescentou. - Eu venho de longe. Na minha aldeia não há trabalho e a comida e a água não chegam para todos... Os animais há muito morreram à fome... a minha família também está a morrer do mesmo mal e eu sou a única esperança deles... Por isso me pus a caminho da Cidade Grande, onde espero arranjar um emprego. Mas já percebi que, descalço, não conseguirei lá chegar... Eu sei que estás a guardar os sapatos para, quando juntares comida e vestuário suficientes, ires procurar o teu pai. Mas, Mfundi, não tenho mais ninguém a quem recorrer. Por favor, ajuda-me1 Ajuda a minha família...


Mfundi sentiu-se como se o mundo tivesse desabado sobre a sua cabeça. As suas costas curvaram-se e, repentinamente, pareceu muito mais velho do que os seus 9 anos. Cerrou os olhos e soltou um suspiro, nascido bem lá no fundo da alma.

- Está bem... – aquiesceu. - Eu empresto-te os meus sapatos... Não quero que a tua família morra à fome, nem quero que corras o risco de não conseguires chegar à Cidade Grande por não teres com que proteger os pés... - as lágrimas pareciam querer saltar-lhe dos olhos. Mas Mfundi sabia que, se as deixasse correr, muitas mais viriam atrás das primeiras. - Porém, tenho uma condição...
O forasteiro abriu um enorme sorriso e apertou o menino fortemente contra o peito.

- Obrigado, Mfundi! Muito obrigado! Qualquer que seja a condição, quero que saibas que está, desde já, aceite! Não tenho palavras suficientes para te expressar a minha gratidão e espero que a tua generosidade seja recompensada, mil vezes, ao longo da tua vida!

- Quero que dês estes sapatos ao meu pai, se alguma vez o encontrares. Pode ser que ele próprio não consiga fazer o caminho de regresso, por ser forçado a percorrê-lo descalço! - suspirou Mfundi, enxugando uma lágrima teimosa que insistia em descer pelo seu rostinho escuro. - Por isso, se alguma vez te cruzares com ele, dá-lhe os sapatos que te ofereço agora, para que possa voltar para junto de mim, dos meus irmãos e da minha mãe!




Sentado sobre uma pedra lisa, Mfundi observa, agora, a lua que nasce no horizonte. Branca, majestosa, um enorme ponto de luz num céu povoado de pontinhos luminosos.

Mfundi contempla-a, com os seus olhos líquidos, imaginando se, algures, o pai também estará a olhar para ela.

O coração e a alma das crianças são fontes inesgotáveis de sonhos e esperança. E Mfundi, afinal, nem pede muito...


Quem sabe se o pai não terá já iniciado a viagem de regresso a casa?

Quem sabe se também terá tido a sorte de encontrar alguém que lhe tenha dado um par de sapatos para a jornada?

Quem sabe se não chegará já amanhã?


Quem sabe...

Thursday, April 26, 2012

10/2009

O Espantalho que queria voar




O Espantalho que queria voar





Era uma vez um espantalho que queria voar; dia após dia, o seu olhar perdia-se no enorme azul do céu e nas nuvens. Dava por si a seguir, com inveja, o vôo livre dos pássaros em verdadeiras acrobacias aéreas que, lá do alto, pareciam troçar da solitária figurinha de palha, bem plantada no terreno da horta, observando-os silenciosamente.

- Um dia, também hei-de voar! - murmurava ele para os seus botões, enquanto soltava um profundo suspiro.

- Tem juízo, Espantalho! - ralhavam as flores, as joaninhas, as formigas e os ratinhos do campo. - Então não sabes que os espantalhos só servem para assustar os pássaros impedindo, assim, que comam as sementes plantadas pelos agricultores?

“Assustar os pássaros?!”, admirava-se o espantalho. “Ora essa!” Logo ele que gostava tanto de pássaros, fossem eles pardais, andorinhas ou mesmo corvos. Afinal, conseguiam realizar uma notável proeza: voar!

E encolhia os ombros de palha, enquanto voltava a fixar o enorme azul, que lhe parecia tão distante. Ficava a imaginar quantas coisas poderia avistar de lá do alto: lagos de côr turquesa, montanhas cobertas de neve branca e cintilante e maravilhosas florestas esmeralda onde – tinha ouvido dizer – viviam criaturas mágicas, pequeninas e ágeis, que brincavam às escondidas por entre as flores...

- Diabo de espantalho! - resmungava o lavrador, trazendo-o de volta à realidade. - Dir-se-ia que tem vontade própria! Todos os dias o deixo de braços abertos e lhe componho um ar ameaçador... mas, à noitinha, quando venho de tratar os campos, lá está ele com os braços caídos e esse aspecto miserável que não consegue, sequer, assustar uma borboleta... Até parece que faz de propósito! - e, no meio de sacudidelas, abanões e pontapés, lá o voltava a colocar na sua posição de espantalho: pés bem enterrados na terra, braços estendidos para os lados e uma careta aterradora que, segundo pensava o lavrador, teria que ser suficientemente feia para afastar qualquer animal, alado ou não, que tivesse a ousadia de comer alguma sementinha que se encontrasse mais à superfície.

O pobre espantalho aguentava os modos bruscos do lavrador e a troça dos bichinhos do campo com muita resignação. Mas voltava sempre a olhar para o céu, as nuvens, os pássaros e as borboletas...

- Ah, se eu pudesse voar! - murmurava ele, com ar sonhador. - Deixar-me--ia embalar ao sabor da brisa da tarde e iria visitar terras longínquas, voaria sobre as falésias, sobrevoaria praias do outro lado do mundo e subiria tão alto quanto as estrelas...

- És um palerma! - desdenhavam os ratinhos do campo, as joaninhas e as flores. - Os espantalhos não voam!

O infeliz espantalho suspirava e baixava o rosto de palha, perdido nos seus sonhos impossíveis.

Mas um dia...

Um dia, o céu escureceu e tornou-se côr de chumbo. Grossos pingos de chuva caíram sobre a terra e um forte vento começou a soprar, fazendo com que todos os bichinhos se escondessem nas suas tocas e ninhos.

O espantalho apertou o casaco rasgado contra o peito e encolheu-se, enquanto a chuva o molhava cada vez mais. O ribombar de um trovão ecoou--lhe nos ouvidos, fazendo com que se assustasse.

- O que é isto? Que barulho é este? - gritou ele.

O vento, cada vez mais forte, fez com que as suas palavras se perdessem no ar. Outro trovão ensurdecedor quase o fez desmaiar de medo e, nessa altura, sentiu que o seu corpo de palha oscilava.

- Os meus pés... estão a mexer-se! - exclamou o espantalho. - EU estou a mexer-me!

Repentinamente, um golpe de vento mais forte levantou-o do chão e levou--o pelos ares, fazendo-o rodopiar. A paisagem à sua volta modificou-se e, quando o espantalho conseguiu finalmente parar de rodar, percebeu que o seu maior sonho se realizara: estava a voar!

- Oh... - murmurou ele maravilhado, arregalando os olhos.

As casas ficaram tão pequeninas que pareciam miniaturas e as árvores já não passavam de uma imensa mancha verde. Os carros e os tractores eram autênticas formigas e as pessoas assemelhavam-se às sementinhas que o lavrador atirava à terra, na época das sementeiras.

Nem em sonhos ele pudera ver tantas coisas tão bonitas: praias de areia fina, lagos cristalinos que espelhavam o arco-íris, bosques verdejantes, vales profundos e misteriosos e montanhas tão altas que ele quase as poderia tocar, se esticasse os braços.

Mas, o melhor de tudo, era a enorme sensação de liberdade e paz que experimentava... Voar era, de facto, a coisa mais maravilhosa do mundo!

Nisto, o espantalho sentiu um imenso calor: tinha sido atingido por um raio e, como era de palha, começou a arder rapidamente enquanto prosseguia o seu vôo sem rumo.

- Vou desaparecer... - suspirou ele. Estranhamente não sentia medo. - Mas, pelo menos, consegui realizar o meu sonho; eu sabia que isso iria acontecer um dia. Só tenho pena de não poder contar às minhas amigas flores, aos ratinhos do campo, às joaninhas e às formigas como é bom voar!

Ao contrário do que o espantalho pensava, ele não desapareceu completamente; uma pequenina parte do seu corpo continuou a planar ao sabor do vento, iluminando com uma centelha minúscula de luz o crepúsculo que, lentamente, ia dando lugar à noite.



Lá em baixo, uma menina acabava de erguer a cabeça para o céu, passeando o olhar sonhador pelas estrelas que, de lá de cima, pareciam piscar-lhe os olhos.

- Mãe! Vi uma estrela cadente! - exclamou ela, enquanto o espantalho cruzava os ares na sua infindável viagem.

- Então tens de formular um desejo! - disse a mãe, sorrindo. - Fecha os olhos e pensa no que mais gostarias de ter ou fazer...

A menina fechou os olhos, apertou as mãozinhas uma contra a outra e concentrou-se. Repentinamente, o seu rostinho abriu-se num enorme sorriso e a sua voz infantil ecoou no silêncio da noite estrelada:

- Eu desejo poder voar!

Wednesday, April 25, 2012

A dor em mim


A dor em mim



Dói-me o silêncio

Deste vazio em que caí, desamparada,

Ao pressentir que já não posso fazer nada

E que mil sombras estão, agora, sobre nós...



Dói-me a ausência

Que, tantas vezes, foi a minha companhia

Que transformou em negra noite o meu dia

E que, em mim, da música calou a voz!



Dói-me a lembrança

De minaretes envoltos em luz dourada.

De leves gôndolas na bruma prateada,

De praias cheias de ouro puro e azul sem fim...



Resta o silêncio

Repleto de ecos dessas horas de magia

Que escuto agora, nesta lenta agonia

pois sei que és tu, somente tu, a dor em mim...